A alegria de multiplicar a existência | Entrevista com Vanessa Passos

14/07/2022 /

Vanessa Passos é escritora e professora de escrita criativa. Doutora em Literatura (UFC) e vencedora do 6º Prêmio Kindle de Literatura com o romance A filha primitiva (José Olympio, 2022). Para ela, a obsessão é o que define uma escritora. E se fosse preciso, contaria histórias dançando.

Caixa-preta é um blog de entrevista com escritores e escritoras. E sendo caixa-preta “qualquer sistema, organismo, função, etc., cujo funcionamento ou modo de operação não é claro ou está envolto em mistério”, representa uma ideia que se aproxima da literatura.

Na sexta-feira, a cada quinze dias, uma nova entrevista.

O que a escrita causa em você?

Euforia. A escrita me faz sentir viva.

Qual a maior aventura de uma escritora?

Terminar um livro. Conviver muito tempo com personagens e levá-los até a última página.

Que livro você gostaria de ter escrito?

Com armas sonolentas, de Carola Saavedra.

Que livro você jamais escreveria?

Qualquer um do Olavo de Carvalho.

O que ainda falta ser dito em literatura?

Nada. O novo é o esquecimento.

Livro bom é…

aquele que te pega já na primeira página.

Escritora é uma criatura…

obsessiva.

A literatura serve pra quê?

Para abençoar a alma que não foi abençoada.

Qual o maior aliado de uma escritora?

A lixeira.

Como encontrar a palavra certa, o termo justo, a frase ideal?

Escrevendo. Experimentando. É preciso colocar as palavras no campo de batalha. Um livro só foi escrito de fato quando foi reescrito.

Existe algo que não dá para ser dito com palavras?

O amor. Ainda que muito escritores tenham tentado.

Se você pudesse, o que diria para o algoritmo?

Vai se foder!

E se você pudesse mudar o lema da bandeira nacional para um que representasse o Brasil atual, para qual seria?

A banalidade do mal

Qual a sua maior alegria ao escrever?

Criar personagens. Viver vidas que não são as minhas. Multiplicar minha existência.

Se você não pudesse mais escrever, o que faria?

Dançaria. Contaria histórias com gestos.

A literatura em uma palavra.

Morreria. No livro Cartas a um jovem poeta, Rilke diz que a pergunta que deve ser feita por quem escreve não é se seus textos estão bons, mas se você morreria se deixasse de escrever. Desde que li isso, respondo para mim mesma que sim, morreria.

Qual a coisa mais importante que você aprendeu com a escrita?

Que a literatura salva.

O que faz você continuar escrevendo?

A certeza da finitude e o desejo da imortalidade.

Leia Vanessa Passos:

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