A experiência inenarrável | Entrevista com Michel de Oliveira

Michel de Oliveira é natural de Tobias Barreto, Sergipe. Escritor, fotógrafo, artista visual, jornalista e doutor em Comunicação e Informação pela UFRGS. Autor de Fatal error (Moinhos, 2021), O amor são tontas coisas (Moinhos, 2021), O sagrado coração do homem (Moinhos, 2018), Cólicas, câimbras e outras dores (Oito e Meio, 2017) e do livro de não ficção Saudades eternas: fotografia entre a morte e a sobrevida (Eduel, 2018); participou das antologias Como tudo começou: a história e 35 histórias dos 35 anos da Oficina de Criação Literária da PUCRS (ediPUCRS, 2020) e Qualquer ontem (Bestiário, 2019).

Para ele, o silêncio é o maior aliado de um escritor. E terminar um livro, segundo ele, é se livrar da perturbação mental causada pela ideia.



O que a escrita causa em você?

Uma constante sensação de paranoia. Nunca sei se a voz na cabeça é imaginação ou indício de loucura.

Qual a maior aventura de um escritor?

Continuar publicando depois do fracasso do primeiro livro.

Que livro você gostaria de ter escrito?

A hora da estrela, de Clarice Lispector.

Que livro você jamais escreveria?

Qualquer um dos livros sagrados da humanidade.

O que ainda falta ser dito em literatura?

Tudo já foi dito, redito e predito. Podemos ficar em silêncio. Ou repetir ao nosso modo. 

Livro bom é…

aquele que não te deixa dormir.

Escritor é uma criatura…

iludida.

Qual o papel de um escritor na sociedade?

Ser honesto o suficiente para criar ficção. Há muita gente desonesta escrevendo mentiras chatas e criando leitores bobos.

Qual o maior aliado de um escritor?

O silêncio.

Como encontrar a palavra certa, o termo justo, a frase ideal?

Abandonando os idealismos.

O quê que não dá para ser dito com palavras?

Tudo pode ser dito com palavras, mas elas são bastante limitadas, por isso usamos tantas. A experiência do corpo e da matéria ainda é inenarrável.

Se você pudesse, o que diria para o algoritmo?

Morra.

E se você pudesse mudar o lema da bandeira nacional para um que representasse o Brasil atual, para qual seria?

Crime ocorre nada acontece feijoada.

Qual a sua maior alegria ao escrever?

Acabar e me livrar da perturbação mental da ideia.

Se você não pudesse mais escrever, o que faria?

Tomaria sorvete, em paz.

A literatura em uma palavra.

Palavras.

Qual a coisa mais importante que você aprendeu com a escrita?

A me ouvir.

O que faz você continuar escrevendo?

O espanto da vida e a certeza da morte.


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