A frase possível | Entrevista com Gabriel Abreu

 Foto: Phillip Lavra

GABRIEL ABREU (@gambreu) nasceu no Rio de Janeiro em 1993. É formado em literatura, arte e pensamento contemporâneo pela PUC-Rio e pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage. É um dos integrantes do Brecha, núcleo de criação e pesquisa interdisciplinar em artes. Triste não é ao certo a palavra é seu livro de estreia.

Gabriel, sendo um escritor branco, gostaria de escrever uma literatura que investigasse “o racismo presente em suas próprias heranças”. E ele gosta quando a escrita o leva para “algum lugar do qual duvidava.”



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O que a escrita causa em você?

Desejo, cansaço, euforia, angústia, satisfação, entre outras coisas, não necessariamente nesta ordem.

Qual a maior aventura de um escritor?

O corpo a corpo com as palavras.

Que livro você gostaria de ter escrito?

Vários, gosto dos livros que me causam essa sensação. O último foi “Felizes os felizes”, da Yasmina Reza.  

Que livro você jamais escreveria?

Aquele cuja história não me inquietasse. 

O que ainda falta ser dito em literatura?

Já ouvi Jeferson Tenório dizer numa entrevista que ele achava que falta na literatura brasileira mais obras que fizessem uma denúncia anticolonial a partir da perspectiva da branquitude, uma literatura escrita por escritores brancos interessados em investigar o racismo presente em suas próprias heranças. Concordo com ele, gostaria de ver (e, como escritor branco, tentar fazer) mais disso. 

Livro bom é…

Aquele que perturba. 

Escritor é uma criatura…

Essencialmente curiosa. 

Qual o papel de um escritor na sociedade?

Não sei se há um papel atribuído a nós. Talvez estejamos aqui justamente para questionar os papéis. 

Qual o maior aliado de um escritor?

A persistência. 

Como encontrar a palavra certa, o termo justo, a frase ideal?

Abrindo mão da ideia de que é possível alcançar qualquer uma dessas coisas. O melhor que podemos fazer é tentar e, assim, chegar à palavra, ao termo ou à frase possível. 

O quê que não dá para ser dito com palavras?

Até agora não sei. 

Se você pudesse, o que diria para o algoritmo?

Mandaria ele pra terapia.

E se você pudesse mudar o lema da bandeira nacional para um que representasse o Brasil atual, para qual seria?

Adotaria a bandeira criada por Leandro Vieira para a Mangueira, que entre o verde e rosa leva a inscrição: ÍNDIOS, NEGROS E POBRES.  

Qual a melhor maneira de encarar a página em branco?

Gosto da maneira como Aline Bei pensa a página em branco: como uma sala de ensaio que precisa se aquecer para que o trabalho comece.  

Qual a sua maior alegria ao escrever?

A surpresa que sempre sinto quando chego a algum lugar do qual duvidava.  

Se você não pudesse mais escrever, o que faria?

Seguiria imaginando.

A literatura em uma palavra.

Brecha.

Qual a coisa mais importante que você aprendeu com a escrita?

A ter paciência e confiança.

Qual sua definição de felicidade?

Sábado de manhã cedo com sol.

O que faz você continuar escrevendo?

A vontade de viver.

| Entrevista organizada ao som do disco Load, do Metallica |


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