Livro sem nome: um romance sobre o poder do silêncio.

“Meu trabalho, quando conto histórias, é devol-
ver este mundo ao Caos que um dia ele já foi. É um
ofício de buscar nas formas o que é informe, nas pa-
lavras o que havia antes de qualquer suspeita de que
elas existiriam. Sou uma artesã às avessas.”

O que uma mulher teria para dizer depois de mais de setenta anos em silêncio? Após esse tempo todo sem falar nem escrever, que histórias ela poderia contar? A vida de Layla, em “Livro sem nome”, vem para nos mostrar o poder do silêncio, mas sobretudo o poder ainda mais forte de romper o silêncio. 

Aos 12 anos, Layla para de falar por escolha própria e só volta a pronunciar alguma palavra 73 anos depois. Nesse tempo, ela sente as consequências radicais de se exilar da própria língua: todo o seu contato com o mundo mediado pela língua portuguesa é suspenso. Ela se torna uma órfã da língua mãe. Família e amigos já não podem ajudar, pois fazem parte de um mundo – o que fala, que escreve, vê e ouve – que se desmancha na frente de Layla. 

“Livro sem nome” traz à superfície o irrepresentável e o não representado e torna evidente que há uma falha para se expressar o que se quer e fica sempre faltando alguma coisa.







Paulo Henrique Passos traça aqui uma arqueologia da palavra, investigando os silêncios. Este Livro sem nome não escava apenas o passado do verbo, mas as profecias do fim do mundo, as premonições presentes no sonho, os pequenos apocalipses e blasfêmias que a palavra pode provocar.

O autor sabe que o mistério mora não apenas entre o silêncio e a fala, mas entre a invenção e a verdade. Entramos no universo de Layla em mini contos, depoimentos que substituem o silêncio da protagonista. Depois, a palavra nos leva aos universos de Layla, fósseis em que investigamos estranhamentos e sonhos.

Paulo cria um monstro, guarda o monstro, cuida dele, depois o entrega assim, sem nome, celebrando o silêncio. Mostra que é preciso derrubar a casa e, das ruínas do silêncio, ouvir e construir a palavra.

Entre nessa construção, esteja preparado para ver sua própria imagem, rejeitá-la, quebrar todos os espelhos do livro e da casa, para depois reencontra-la refletida nas pupilas de uma vaca.

Mais que isso não direi.

Yara Fers, escritora e professora de escrita


“O que contei em vida não é mais que um rascunho da história definitiva que será grafada nos meus ossos pelos vermes que crio em cativeiro. Não sairá da minha boca, é certo, mas estará em mim, e quem decifrá-la saberá quem eu sou.”

Como explicar e quantificar o valor do silêncio e da linguagem? Quais são os seus limites e as suas variações? Somos capazes de responder?

Neste livro, Paulo Henrique nos apresenta à Layla, que se equilibra e se desequilibra nos limites não estabelecidos do insólito, do confuso e do inexplicável. Somos levados – por ela e com ela – a encarar perguntas sem respostas. A admitir nossa incapacidade de listar com perfeição o inventado e o vivido.

As estórias contadas por Layla são narrativas curtas independentes, ligadas por fios quase imperceptíveis.

Vire cada página deste livro e se delicie, ainda que não consiga responder ou definir por completo a narrativa.

A ficção e a vida se alimentam dos paradoxos, e neste Livro sem nome, a fome nunca é saciada.

Alê Motta, escritora



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